O UBS BB revisou sua projeção para a taxa Selic ao final de 2024, elevando-a de 11,50% para 11,75%, com uma nova expectativa de aumento adicional na primeira reunião de 2025. Os economistas do banco afirmam que, apesar de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter iniciado em um ritmo gradual, o ciclo não deverá seguir dessa forma. A atualização veio após o Banco Central (BC) elevar a taxa de juros para 10,75% ao ano, em linha com as expectativas do mercado.
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Atualização das Projeções para a Selic
Os economistas do UBS BB, Alexandre de Azara, Fabio Ramos, Rodrigo Martins e Roque Montero, explicaram que a mudança nas projeções foi motivada pelo hiato de produção mais apertado. Em vez do aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.) esperado para dezembro, o banco agora prevê um acréscimo de 0,50 p.p., seguido por mais uma alta de 0,50 p.p. em janeiro de 2025. Segundo os especialistas, a Selic deve atingir um pico de 12,25% nesse novo ciclo de aperto monetário.
Expectativa para o Afrouxamento Monetário
Apesar das elevações previstas, os economistas do UBS BB continuam a acreditar em cortes na taxa Selic em 2025, embora tenham adiado o início desse ciclo para junho, em vez de março. Essa mudança é baseada em suas novas projeções para a inflação. O banco destaca que a taxa Selic terminal deverá ficar abaixo de 10%, com expectativa de encerrar 2025 em 9,75%.
Possíveis Mudanças no Cenário Econômico
Os economistas do UBS BB alertam para a possibilidade de revisões nas previsões econômicas após a divulgação do relatório de inflação do terceiro trimestre, que está programada para o final de setembro. Esse documento é fundamental para avaliar o estado atual da economia brasileira, principalmente em relação ao hiato do produto – ou seja, a diferença entre o crescimento econômico potencial e o crescimento real.
O hiato de produção é um dos principais indicadores utilizados pelo Banco Central para definir a política monetária, já que ele reflete se a economia está operando acima ou abaixo da sua capacidade. Quando o hiato de produção se fecha, ou seja, quando a demanda e a oferta estão mais equilibradas, a pressão inflacionária tende a aumentar, o que pode demandar uma postura mais rígida por parte do BC, com elevações adicionais na Selic.
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Impacto no Mercado Financeiro e Investimentos
O comportamento da Selic influencia diretamente o mercado financeiro, impactando desde as decisões de investidores estrangeiros até as taxas de financiamento para empresas e consumidores. A expectativa de novas altas, como a mencionada no relatório do UBS BB, tende a aumentar a atratividade dos investimentos de renda fixa, que se beneficiam de uma Selic mais elevada.
Por outro lado, essa perspectiva de elevação contínua dos juros pode ter um efeito negativo sobre o mercado de ações e o setor produtivo, que enfrenta maiores custos de financiamento e, consequentemente, menores margens de lucro. Empresas mais alavancadas tendem a sentir o impacto de forma mais intensa, ajustando suas operações e planos de investimento.
O Papel do Relatório de Inflação do Terceiro Trimestre
O relatório de inflação do terceiro trimestre também servirá como base para revisar as expectativas de crescimento econômico e, principalmente, para ajustar as previsões de inflação, que são críticas para a definição da taxa de juros. Se o Banco Central enxergar um aumento nos índices inflacionários, isso pode indicar que a necessidade de manter ou até mesmo acelerar o ritmo de alta da Selic será maior do que o inicialmente previsto.
Além disso, o relatório pode oferecer uma visão mais clara sobre o comportamento dos preços no setor de serviços e no mercado de trabalho, que são componentes importantes da inflação subjacente. Com uma visão mais detalhada desses fatores, o Copom poderá tomar decisões mais assertivas sobre o futuro da Selic, o que, por sua vez, impactará diretamente a vida dos brasileiros, desde o custo do crédito até a rentabilidade das aplicações financeiras.
Essas análises indicam que o cenário econômico ainda está em uma fase de grande incerteza, o que exige cautela dos investidores e acompanhamento próximo dos indicadores econômicos e das decisões do Banco Central.
Conclusão
O aumento nas projeções da Selic pelo UBS BB indica um cenário de aperto monetário mais longo do que o esperado inicialmente. A inflação e o hiato de produção têm sido fatores determinantes para essa revisão, com a expectativa de que a taxa de juros alcance seu pico no início de 2025. No entanto, os economistas ainda veem espaço para cortes ao longo do próximo ano, com a Selic encerrando 2025 abaixo de 10%. O cenário permanece volátil e sujeito a ajustes com base nos próximos relatórios econômicos.