Clube foi o primeiro campeão na inauguração do Pavilhão de Regatas
No dia 24 de setembro, comemoramos a conquista do primeiro título do Club de Regatas Vasco da Gama, o Campeonato do Rio de Janeiro. Passados 119 anos desse glorioso feito, vamos contar um pouco da trajetória do clube em suas sedes no Largo do Passeio, postas abaixo para as obras de urbanização do então prefeito Pereira Passos, o Grupo dos XIII, a aquisição da Procelária, o retorno de João Jório ao clube, e a conquista inédita no dia da inauguração do famoso Pavilhão de Regatas na enseada de Botafogo.
Sumário do Conteúdo
As Sedes do Vasco no Largo do Passeio, Atual Praça Mahatma Gandhi
Após sair da sua sede na Ilha das Moças, por decisão dos seus sócios, o Vasco trilhou o caminho do crescimento ao alugar, em julho de 1899, sua sede de frente para o mar junto ao Passeio Público. Localizada na então Travessa do Maia, n.º 15, ao lado dos demais centros náuticos, a garagem que se tornaria sua sede ao longo de seis anos era construída sobre um muro de cantaria de pedras, possuindo amplo espaço, um torreão e um mastro militar, de onde se desfraldava o pavilhão vascaíno. Ali, o clube aumentou tremendamente seu quadro social e sua flotilha, o que ajudaria a galgar as vitórias a que estava destinado.
O crescimento fez com que o clube alugasse mais dois prédios: um defronte à própria sede na Travessa do Maia, n.º 10A, e outro na Rua do Passeio n.º 13. Após as obras de 1904, foram interligados num único imóvel com duas frentes, onde foram instaladas a secretaria, garagem, vestiário, aula de ginástica e linha de tiro. Em sua sede, passou a funcionar somente o salão social para a reunião dos sócios e o chá das sextas-feiras.
Com o bota-abaixo promovido pela prefeitura do então Distrito Federal, toda a área do Largo do Passeio foi demolida. Em setembro de 1905, o Vasco foi provisoriamente instalado pela prefeitura na Rua Luiz de Vasconcellos, n.º 14, até sua transferência definitiva para a histórica sede da Rua Santa Luzia, em 1906.
O Grupo dos XIII
Na sua histórica trajetória, o Vasco contou com a colaboração de um grupo de sócios que atuou de forma crucial para o engrandecimento do clube: o Grupo dos XIII. Destacava-se o presidente negro, eleito pelo quadro social, Candido José de Araujo, os irmãos Carvalho Silva, Anibal Peixoto, dentre outros. Esses sócios pioneiros, na ausência do seu presidente honorário Alberto Carvalho Silva, determinaram os caminhos de glória do Vasco.
A Procelária
O grupo dos XIII e o quadro social já estavam decididos a conquistar o maior título do remo brasileiro. Para tanto, precisavam adquirir uma yole de primeira linha, encomendada em fevereiro de 1905. Fabricada na França pelo estaleiro Dossumet, ao custo de Fr 4.028,20 (quatro mil e vinte e oito francos e vinte cents), a yole chegou ao Brasil pelas mãos de Alberto Carvalho Silva, no mesmo navio em que retornou da Europa. Não se mediram esforços para a sua aquisição e seu nome já havia sido escolhido: Procelária, que designa as aves que singram a crista das ondas e anunciam as tempestades. Com isso, o Vasco, com o Grupo dos XIII, se tornou um clube vencedor!
O Retorno de João Jório
Ao iniciar os treinos da temporada, a guarnição de veteranos ainda não estava definitivamente formada. Faltava um remador em especial: João Jório. O Grupo dos XIII não mediu esforços para convencê-lo a voltar ao Vasco em abril de 1905. Assim, anunciaram os jornais da época!
O Campeonato do Rio de Janeiro
O Campeonato do Rio de Janeiro era o páreo de honra que a Federação Brasileira das Sociedades de Remo designou para a conquista do grande título do ano. Disputado em prova única pelas guarnições das yoles-francesas a oito remos dos diversos clubes náuticos, quem contasse com a melhor guarnição receberia a medalha de ouro das mãos do Presidente da República, Rodrigues Alves, e o clube seria dono dos dois troféus da maior prova do remo brasileiro: o L’Épave, ofertado pela federação, e o troféu presidencial, representado pelas peças náuticas. A prova seria realizada no novíssimo Pavilhão de Regatas, de telhado azul e detalhes dourados.
Vasco Conquista seu Primeiro Título e se Torna o Campeão da Inauguração do Pavilhão de Regatas
A regata estava marcada para 27 de agosto, no dia seguinte se daria a mudança do clube para a Rua Luiz de Vasconcellos. No entanto, o famoso Pavilhão de Regatas, mandado construir pela Prefeitura do Distrito Federal para os clubes náuticos, ainda não havia sido completado. A Federação Brasileira das Sociedades de Remo, apoiada por todos os clubes federados, remarcou a competição para 24 de setembro. O Vasco ainda teria um mês para treinar sua guarnição na Procelária.
No dia designado, compareceram as mais elevadas autoridades da República. Era um evento social da maior importância, a ponto de rivalizar com o turfe. O Vasco mandou alugar uma barca que saiu às 11 horas do Cais Pharoux, levando consigo remadores e associados para melhor assistência da prova.
Às 15:10h, era dada a largada do 8.º páreo do campeonato. A disputa foi ferrenha, e a partir da baliza 9, a Procelária despontou à frente do barco segundo colocado do Boqueirão do Passeio, sob os aplausos do público presente à Enseada de Botafogo. A guarnição gloriosa correu e venceu com o tempo de 7 minutos e 10 segundos!
O Vasco conquistava assim seu primeiro título de campeão da cidade, o primeiro do recém-inaugurado Pavilhão de Regatas!
Heróis da Conquista:
- Lucindo Saroldi (patrão)
- Antonio Taveira (voga)
- Albano da Costa Fonseca (sota-voga)
- Manuel da Silva Rabello (contra-voga)
- Raimundo Martins (1.º centro)
- João Jório (2.º centro)
- Manuel Rezende (contra-proa)
- Joaquim Duarte Guedes (sota-proa)
- João Saliture (proa)
Cândido de Araújo foi reeleito presidente do Vasco para o ano de 1905 e 1906. A guarnição de sêniores venceu seu páreo com a mesma Procelária, e o Vasco viria a conquistar o bicampeonato em 1906 com a nova guarnição de veteranos da Procelária.